Em pleno carnaval carioca, no centro da cidade, um cara montou uma barraca em cima de um ralo (bueiro) e tirou alguns trocados com o “empreendimento”. Claro que tal fato caiu na mídia, mostrando a criatividade do ser etc....
O episódio me chamou a atenção, não pela criatividade, mas pela precariedade da cena. Estamos na era da informação, dos avanços e da tecnologia, e o cartão postal mais famoso do Brasil, na mais famosa festa brasileira, com a cidade lotada de turistas apresentou uma cena de filme, daquele tipo de filme que se passa em uma cidadezinha do interior no século passado, em que, por exemplo, a internet era uma coisa inimaginável.
E o pior de tudo é que realmente é uma cena de filme, de uma história que se passa em 1988, no vilarejo de Melo, fronteira do Uruguai com o Brasil. “O Banheiro do Papa”, o longa-metragem que mistura atores profissionais e não-profissionais, uma história comovente, que conquistou a platéia pelos festivais em que passou.
O filme mostra como a cidadezinha se prepara para receber a visita do Papa João Paulo II. A mídia anunciava que uma enxurrada de brasileiros, que na época viviam num país em constante crise financeira, iria invadir o local para prestigiar a ilustre visita. Assim, os nossos vizinhos enxergaram uma oportunidade de ganhar uma graninha. A maioria se pôs a fazer quitutes típicos, como a linguiça e as empanadas, mas só um, Beto (César Troncoso), pensou no que aquela gente toda realmente precisaria depois de tanto se fartar: um banheiro. Todo o filme mostra a saga de Beto na construção do aposento, que nesse caso teria privada de verdade. Enfim, acho valido assistir o filme, e não critico o sujeito que fez o “xixi no ralo” para ganhar um extra, mas acho um paradoxo triste para os dias atuais.
O filme ganhou os prêmios de Melhor Filme do Júri, na 31ª Mostra São Paulo, e saiu consagrado do Festival de Gramado com seis prêmios, entre eles o de Melhor Filme do Júri Popular, Prêmio da Crítica, Melhor Roteiro e o Prêmio Excelência de Linguagem Técnica. Os kikitos de Melhor Ator e Melhor Atriz saíram para o casal de protagonistas vivido por César Troncoso e Virginia Mendez – ambos experientes artistas do teatro uruguaio. No Festival de Cinema Ibero-Americano de Huelva, na Espanha, levou o prêmio de Melhor Roteiro Original e foi indicado ao prêmio de Melhor Filme.
é mesmo, eu tinha "sentido" isso, mas vc colocou em palavras exatas; e muito oportuna a lembrança do filme "o banheiro do papa" .
ResponderExcluirbjs
Gostei da sua perspicacia em fazer a comporação. Não sabia do "banheiro" no Rio e nem do filme. Vou procurar depois pra ver.
ResponderExcluirBom post!!!